Consumo alimentar brasileiro
Como é o consumo alimentar na sua família?
Uma visão geral da alimentação da população brasileira mostrou que quase metade (49,5%) do consumo nas casas brasileiras provém de alimentos in natura ou minimamente processados, mas a parcela de alimentos ultraprocessados é alta, 18,4%.
De 2002 a 2018, os alimentos processados e ultraprocessados ganharam cada vez mais espaço. O consumo de arroz caiu 37% e de feijão, 52%. Farinha de mandioca e de trigo e leite também tiveram grandes quedas no consumo (56%, 70% e 42%, respectivamente). Em compensação, o consumo de açúcar também caiu 50%.
Os alimentos que tiveram mais aumento no seu consumo foram ovos (94%), alimentos prontos à base de carnes, frangos e peixe (56%), bebidas alcoólicas (19%).
Esse movimento da alimentação brasileira vai contra a alimentação ideal para evitar doenças, que deve incluir maior quantidade de alimentos in natura e minimamente processados e a menor quantidade possível de ultraprocessados e açúcar.
O seu consumo está na média brasileira ou é mais saudável?
Obesidade é doença crônica
A obesidade é uma epidemia mundial e o mesmo acontece no Brasil. Em 2018, 55% da população tinha excesso de peso, sendo que 20% dos brasileiros tinham obesidade. De 2006 a 2018, a porcentagem de pessoas obesas aumentou 68% no Brasil e esses números continuam crescendo.
A obesidade é uma doença causada por inúmeros fatores. Há influência genética, influência do estilo de vida moderno (mais alimentos ultraprocessados, menos gasto de energia durante o dia, menos atividades de lazer que gastem energia), influência do ambiente (até o uso constante do ar condicionado pode interferir), privação de sono, uso de determinados medicamentos, composição das bactérias intestinais (essas também influenciadas por mais um monte de fatores), etc
O que preocupa no aumento da obesidade são as complicações que vem acompanhadas com ela. Diabetes, pressão alta, insuficiência renal, infarto, derrame, artrose, depressão, cânceres de vários tipos e muitas outras doenças são consequências do peso excessivo.
Medidas de melhora do estilo de vida são essenciais para o controle e manutenção do peso. Melhorar a alimentação, fazer atividade física regular, dormir bem, diminuir o consumo de álcool são os pontos principais que devem ser abordados por qualquer médico que atenda um paciente com excesso de peso.
Muitas vezes é necessário o uso de medicamentos e outras estratégias para que haja perda de peso. Obesidade é uma doença crônica e, como tal, merece um tratamento adequado, a longo prazo e por especialistas.
Os medicamentos para obesidade provocam reações extremas nas pessoas. A maioria acha que não se deve usar medicamentos para perda de peso em pessoas obesas, que precisam delas assim como hipertensos precisam de anti-hipertensivos. Por outro lado, muitas pessoas chegam ao consultório querendo tomar um medicamento para emagrecer quando precisam perder poucos quilos.
Mas esse preconceito contra os medicamentos atrapalha a busca dos pacientes pelo tratamento adequado... pacientes, médicos não especialistas em obesidade, outros profissionais de saúde e agências que regulam os medicamentos são contra o tratamento e acabam impedindo que muitas pessoas possam perder o peso que precisam.
Assim como qualquer outro medicamento, os medicamentos anti-obesidade devem ser usados por pessoas que tenham indicação de uso, que não tenham contraindicações e o tratamento deve ser SEMPRE acompanhado por um médico especialista.
As opções de medicamentos para tratamento são poucas, mas podem ser muito eficazes, quando associadas à melhora da alimentação, atividade física, sono e com um tratamento a longo prazo. Como eu disse, obesidade é doença crônica e, portanto, o tratamento deve ser mantido por muito tempo.
Se você tem obesidade ou sobrepeso, não espere para tratar. Procure um endocrinologista.
É possível curar o diabetes tipo 2!!!
O diabetes foi descrito pela primeira vez na Grécia Antiga e só no século XIX foi sugerido que existiriam dois tipos diferentes, um em pessoas jovens, mais grave, e outro em pessoas de mais idade, mais frequente em pessoas com peso excessivo.
Até a metade dos anos 1800, a medicina tinha pouco a oferecer a esses pacientes. Só no início do século XX foi adotada a ideia de que os pacientes deveriam controlar a ingestão de carboidratos para controlar o diabetes, mas poucos aderiam à dieta.
A insulina foi descoberta apenas em 1922 e foi vista como a cura do diabetes. Desde então, surgiram inúmeros tipos de insulina com mecanismos de ação diferentes. O uso da insulina é vital para o tratamento do diabetes tipo 1.
No caso do diabetes tipo 2, aquele mais comum em adultos e pessoas obesas, a insulina é usada, principalmente, em casos de longa duração. Os medicamentos orais, opção mais utilizada no diabetes tipo 2, só apareceram a partir de 1944. Muitos medicamentos diferentes existem para o tratamento hoje, mas até hoje, a cura não era possível.
Hoje sabemos que é possível curar o diabetes tipo 2, sim!!! E a cura não depende dos medicamentos. Mudanças intensivas do estilo de vida são a melhor maneira de se curar do diabetes tipo 2. Os estudos mais recentes mostram que a atividade física regular (pelo menos 150 min por semana e uma rotina ativa diariamente) e a dieta plant-based (rica em vegetais e pobre em açúcares e ultraprocessados) tem sucesso para que o paciente deixe de ser diabético!! O resultado é melhor nos pacientes com menos tempo de diabetes. Mas, naqueles com a doença há muitos anos, pode não haver a cura, mas há importante diminuição no número de medicamentos necessários para controlar a doença.
Sua dieta deve permitir suas preferências e tradições
Você não precisa fazer uma dieta específica para ter uma vida saudável, basta ter uma dieta saudável.
A avaliação de 3 grandes estudos, que duraram 32 anos e avaliaram ao redor de 200 mil pessoas, mostrou que padrões alimentares saudáveis e consistentes foram associados a menor risco de doenças cardiovasculares, como infarto, derrame, tromboses.
Foram avaliados 4 padrões alimentares diferentes, mas sempre incluindo grãos integrais, muitos vegetais (legumes, verduras e frutas), castanhas e sementes, com ou sem proteína animal e com mínimo consumo de alimentos processados ou ultraprocessados e açúcares. E cada grupo tinha suas tradições e preferências.
Isso quer dizer que levar uma alimentação predominantemente saudável e equilibrada é mais saudável do que fazer dietas da moda e super restritivas. Essas dietas podem ter resultado rápido na perda de peso, mas o mais sustentável a longo prazo é encontrar uma alimentação que você consiga manter (quase) sempre e te traga prazer e saúde.
Além disso, está sendo realizado agora um grande estudo para avaliar se a dieta mediterrânea, além do benefício cardiovascular, pode também trazer perda de peso. Resultados preliminares mostraram que também pode haver perda de peso!
Blue Zones - as regiões mais saudáveis do mundo
Blue Zones são 5 regiões no mundo onde as pessoas vivem com mais saúde e, em média, vivem mais do que 100 anos. O diferencial dessas regiões é que as pessoas vivem com ótimas condições de saúde até o final de suas vidas e têm pouco tempo de doença até falecerem.
Essas regiões são: Loma Linda (California), Okinawa (Japão), Nicoya (Costa Rica), Ikaria (Grécia), Sardenha (Itália).
Mas o que essas regiões têm em comum?
1. Alimentação rica em vegetais, grãos, sementes e pobre em açúcar e ultraprocessados. Essas pessoas comem ao redor de 5 porções de legumes e verduras ao dia e 2 a 3 frutas ao dia, feijões e grãos todos os dias, carnes em porções muito pequenas e no máximo 5 vezes no mês, peixes até 3 vezes na semana, poucos ovos e leite, tomam apenas água, café e chás.
2. Comem a quantidade que o corpo pede, até estarem 80% satisfeitos. Não comem por ansiedade, para descontar frustrações ou só porque a comida está lá. Em geral, comem a última refeição no final da tarde.
3. Tomam uma taça de vinho ao dia, sempre acompanhado de amigos e de uma refeição completa.
4. São pessoas ativas, movimentam-se muito durante o dia. Não necessariamente fazem atividade física programada, mas andam muito a pé, cuidam do jardim, fazem compras a pé.
5. Tiram um momento do dia, todos os dias, para relaxar e diminuir o estresse. Leem livros, conversam sobre antepassados, meditam, fazem orações, ouvem música.
6. Todos têm um propósito de vida. Saber porque você acorda de manhã pode te acrescentar até 7 anos de vida!
7. Têm o sentimento de pertencer a um grupo. Vivem perto dos amigos e pessoas queridas e têm, pelo menos, 5 pessoas com quem podem contar. As pessoas idosas abrem todos os dias suas janelas e olham as janelas dos vizinhos. Se alguma ainda estiver fechada, vão ver o que aconteceu. E fazem parte do grupo com mesmos hábitos e objetivos, o que faz com que seja mais fácil continuar mantendo a vida como gostam.
8. Têm fé. Não importa a religião, acreditam que algo maior existe e que fazem parte de tudo isso. Comparecer a um serviço religioso 4 a 5 vezes no mês pode aumentar até 14 anos sua expectativa de vida.
9. Os familiares vivem perto um dos outros. Ter os pais e avós por perto aumenta a expectativa de vida e diminui a incidência de doenças de todos os membros da família, inclusive crianças.
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