Endocrinologia geral Dra Patricia Baines Gracitelli Endocrinologia geral Dra Patricia Baines Gracitelli

Cirurgia bariátrica

A obesidade é uma epidemia mundial. No Brasil, de 2006 a 2009, a proporção de pessoas acima do peso subiu de 42,7% para 46,6% e o percentual de obesos cresceu de 11,4% para 13,9%. Mesmo em crianças os números assustam – um estudo recente em Franca (SP) revelou que 15% das crianças de 7 a 10 anos já estão acima do peso.

E o tratamento da obesidade não é fácil. A reeducação alimentar e a prática de atividade física exigem esforço contínuo, muitas vezes com resultados desanimadores. Muitos pacientes precisam de medicamentos para conseguir manter um peso saudável, mas, para uma boa parte dos obesos, as tentativas são sempre fracassadas...

Nesses casos, a cirurgia bariátrica (“cirurgia de redução do estômago”) é a melhor opção??

Em pacientes com IMC (índice de massa corpórea = peso/ altura ao quadrado) maior ou igual a 40kg/m2, os inúmeros tratamentos e a oscilação de peso, além do potencial genético, agravam o quadro clínico. A morbidade associada à obesidade grau III (hipertensão arterial, doenças articulares, alteração do colesterol, diabetes, disfunções respiratórias, etc.), gerou o termo “obesidade mórbida”, que deve ser abandonado. Sem qualidade de vida e com extrema instabilidade emocional, surge a busca por um tratamento mais eficiente, a cirurgia.

Existem várias técnicas para essa cirurgia, mas a mais comum é a de Capella. Essa cirurgia restringe um pedaço do estômago e muda a ligação com o intestino. Além da restrição por diminuição do volume do estômago, ocorre uma pequena alteração da absorção dos alimentos, porque eles deixam de passar pela primeira parte do intestino delgado.

Essa é uma cirurgia de grande porte, que deve ser muito bem indicada e acompanhada posteriormente. É indicada para pacientes com o IMC maior que 40kg/m2 ou maior que 35kg/m2 com complicações como diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, doenças articulares, etc. Os pacientes têm que já ter tentado tratamento com mudanças de estilo de vida e medicamentos, a cirurgia nunca é a primeira opção. E há algumas contra-indicações, como cirrose hepática, doenças renais, psiquiátricas, vícios (drogas, alcoolismo), etc

Todos os pacientes devem fazer uma avaliação pré-operatória com psicólogo e nutricionista, e o ideal seria que mantivessem o acompanhamento mesmo após a cirurgia, para evitar recaídas.

A perda de peso é rápida, logo que o paciente sai do hospital. A alimentação deve ser bem restritiva no início, pois o estômago restante é extremamente pequeno (~20ml!). E o importante é reaprender a comer, para manter sempre uma alimentação saudável. Mesmo pacientes com estômago tão pequeno podem aprender a comer coisas extremamente calóricas, como leite condensado e milk-shake, e uma boa parte dos pacientes volta a ganhar peso... Já existem pacientes fazendo a cirurgia pela segunda vez!

O maior problema da cirurgia, a longo prazo, é a desnutrição. A absorção de nutrientes fica muito prejudicada, portanto os pacientes devem fazer sempre reposição de vitaminas, como ferro, vitamina D, cálcio, vitamina B12 e outras se necessário.

Portanto, para qualquer tipo de tratamento para a obesidade, as mudanças de estilo de vida são essenciais. Não é possível se manter magro e saudável sem aprender a se alimentar e fazer atividade física regular, mesmo se seu estômago for muito pequeno. O apoio profissional é sempre importante, mas o sucesso depende, principalmente, da participação efetiva do paciente.

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Para saber mais sobre a cirurgia bariátrica, entre em www.endocrino.org.br/cirurgia-bariatrica-mitos-e-verdades

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