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Tireoidite subaguda

A tireoidite subaguda (também chamada de tireoidite dolorosa ou tireoidite de De Quervain) é uma inflamação dolorosa da tireoide, de provável etiologia viral. É mais comum em mulheres de 30 a 50 anos e, em geral, ocorre após um quadro de infecção viral respiratória.

A tireoidite subaguda começa com dor intensa na região anterior do pescoço, podendo haver febre e mal estar. A tireoide é muito dolorosa ao toque e pode estar aumentada. Há uma inflamação de toda a glândula e destruição dos folículos da tireoide, onde o hormônio tireoideano fica armazenado. Com isso, há excesso de hormônios na corrente sanguínea e pode haver um quadro de hipertireoidismo, com duração de 2 a 4 semanas. Após essa fase, com a diminuição dos níveis hormonais no sangue, há normalização dos exames de dosagem hormonal e melhora dos sintomas. Mas, como a glândula foi lesada, ainda pode haver evolução para hipotireoidismo até que a produção dos hormônios seja normalizada, o que pode levar meses.

A evolução clássica, então, divide-se em 4 fases:

  1. fase dolorosa aguda com tireotoxicose (para saber mais sobre o hipertireoidismo e tireotoxicose, clique aqui)
  2. eutireoidismo (normalização dos hormônios tireoideanos)
  3. hipotiroeidismo (para saber mais sobre o hipotireoidismo, clique aqui)
  4. eutireoidismo

O tratamento da tireoidite subaguda visa o controle da dor. Na fase aguda, dolorosa, antiinflamatórios e corticoide podem ser necessários. A fase de hipertireoidismo é auto-limitada e não é necessário o uso de medicamentos antitireoideanos, usados nos outros casos de hipertireoidismo. Na fase de hipotireoidismo, pode ser necessária a reposição dos hormônios tireoideanos, até que a produção da glândula seja recuperada.

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Hipotireoidismo

O que é o hipotireoidismo?


Hipotireoidismo é a doença em que há diminuição da produção de hormônios da tireoide (T3 – triiodotironina – e T4 – tiroxina).

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A tireoide produz os hormônios T3 e T4 sob estímulo do hormônio TSH (hormônio tireoestimulante), produzido na glândula hipófise, que fica no cérebro. Por sua vez, o TSH depende do estímulo do TRH (tireotropina), produzido no hipotálamo, em outra região do cérebro. E o T3 e T4 produzidos na tireoide caem na corrente sanguínea e agem em inúmeros órgãos do corpo, modulando suas ações.

 

Quais as causas do hipotireoidismo?

O hipotireoidismo pode ser causado por diminuição da produção de hormônios pela própria tireoide (hipotireoidismo primário), por diminuição da produção de TSH (hipotireoidismo secundário) ou de TRH (hipotireoidismo terciário).

Os hipotireoidismos secundário e terciário são raros. Já o primário é cada vez mais comum, provavelmente pela maior realização de exames para avaliar a tireoide.

A causa mais comum de hipotireoidismo primário é a tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune, ou seja, em que o próprio organismo produz anticorpos que atacam a tireoide, fazendo-a diminuir a produção de hormônios. Mas existem outras causas menos comuns:

-       deficiência de iodo (o iodo é essencial para a produção de T3 e T4)

-       uso de medicações que alteram a produção de T3 e T4 (lítio, iodeto, medicamentos para hipertireoidismo, citocinas, amiodarona)

-       doenças como amiloidose, hemocromatose, sarcoidose, etc

-       após procedimentos como cirurgia para retirada da tireoide, iodoterapia, radioterapia para outras doenças na região do pescoço

-       hipotireoidismo congênito (diagnosticado pelo teste do pezinho)

-       etc

 

Quais são os sintomas do hipotireoidismo?

O hipotireoidismo pode afetar todos os órgãos do nosso corpo. Geralmente, os sintomas iniciam-se muito lentamente e pode levar anos até que o diagnóstico seja feito, sendo descoberto por exames de rotina.

Os sintomas mais comuns estão relacionados abaixo, com a frequência com que ocorrem:

-     fraqueza (99%)

-       alterações cutâneas (99%)

-       pele seca (97%)

-       letargia (91%)

-       fala lenta (91%)

-       edema palpebral (90%)

-       frio (89%)

-       edema de face (79%)

-       palidez (67%)

-       esquecimento (66%)

-       constipação (61%)

-       ganho de peso (59%)

-       edema (55%)

-       anorexia (52%)

Pode haver, ainda, irregularidade menstrual em mulheres e alterações nos níveis de colesterol, com aumento do LDL (colesterol ruim).

 

Como é feito o diagnóstico do hipotireoidismo?

O diagnóstico do hipotireoidismo primário é feito pela dosagem abaixo do normal do T4, com TSH elevado. O T3 tem pouco valor para diagnóstico.

A primeira alteração que ocorre é a elevação do TSH, pois é a resposta da hipófise frente à menor produção dos hormônios tireoideanos. O cérebro tenta compensar a menor produção tireoideana, aumentando o estímulo. Quando apenas o TSH está elevado, com T4 normal, temos o chamado hipotireoidismo subclínico. Mas os hormônios devem ser reavaliados em 3 a 6 meses, na busca de uma evolução para o hipotireoidismo franco.

Apenas a fração livre do T4 é usada para o diagnóstico (T4L). O T4 total não tem valor, pois reflete a fração livre, que age nos órgãos alvo, mais a porção ligada a proteínas carreadoras, que não está agindo no momento. E a alteração das proteínas carreadoras pode alterar o valor do T4 total sem que seja realmente um hipotireoidismo, como ocorre na vigência de doenças crônicas ou quando há ingestão calórica insuficiente.

Além das alterações do T4L e TSH, pode-se dosar os autoanticorpos para diagnóstico da tireoidite de Hashimoto. Há aumento nos valores de antiTPO e antiTg. O valor acima do valor de referência define a doença autoimune, mas não importa se está um pouco aumentado ou muito aumentado; o valor dos anticorpos não define o tratamento.

Na existência da doença autoimune, também haverá alteração na ultrassonografia da tireoide, com presença de ecotextura heterogênea. Mas, mais uma vez, isso não define o tratamento, apenas indica qual a causa do problema.

No caso de hipotireoidismo secundário ou terciário, além dos baixos níveis de T4L, também há diminuição do TSH, já que a hipófise não produz o hormônio adequadamente.

 

Qual é o tratamento para o hipotireoidismo?

O tratamento para o hipotireoidismo é feito com reposição do hormônio, a levotiroxina. A dose média para adultos é ao redor de 1,0 a 1,5mcg/kg/dia, mas cada paciente deve ter sua dose individualizada.

O medicamento deve ser tomado sempre em jejum, 30 minutos antes de qualquer alimento ou líquido que não água, pois a absorção da droga é muito pequena. E deve-se evitar a administração junto com outros medicamentos.

O objetivo do tratamento é manter os níveis de TSH entre 0,5 e 2,5mU/dl e o T4L dentro dos valores normais, além da melhora dos sintomas.

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