Osteoporose
O que é osteoporose?
Osteoporose é uma doença óssea que deixa os ossos frágeis e mais susceptíveis a fraturas. É uma doença comum, que acomete 1/3 das mulheres de 60 a 70 anos e 2/3 das mulheres com mais de 80 anos.
A osteoporose é uma doença silenciosa, assintomática até que ocorram as fraturas. Os principais locais de fratura são: punho, úmero (braço), coluna vertebral, costelas e, principalmente, colo do fêmur. Nos EUA, ocorrem, aproximadamente, 1,5 milhões de fraturas por osteoporose ao ano. Apesar disso, uma em cada cinco mulheres com fratura não tem o diagnóstico de osteoporose investigado.
Quem pode ter osteoporose?
Essa não é uma doença só de mulheres, pode ocorrer nos dois sexos, apesar de ser 4 vezes mais comum no sexo feminino.
Os fatores de risco para desenvolver osteoporose são:
- história familiar de osteoporose (fator principal)
- raça branca
- mulheres após menopausa
- idosos (mulheres >65a e homens >70a)
- peso muito baixo
- sedentarismo
- dieta deficiente em cálcio ou vitamina D
- tabagismo
- etilismo (>2 doses álcool ao dia)
- fratura prévia
- uso prolongado de alguns medicamentos (corticóides, anticonvulsivantes, heparina, etc)
Como saber se eu tenho osteoporose?
O exame que melhor diagnostica a osteoporose é a densitometria óssea. Outros exames podem mostrar diminuição da massa óssea, como raio X, tomografia computadorizada, ultrassom do calcâneo, mas a gravidade da doença e acompanhamento do tratamento devem ser feitos pela densitometria.
Como evitar a osteoporose?
A massa óssea depende do pico atingido na adolescência e início da vida adulta, e esse pico depende da nutrição e atividade física desde a primeira infância. Se a alimentação é deficiente, a perda de massa óssea já começa de um patamar mais baixo...
Para entender como a osteoporose acontece, é importante entender o metabolismo ósseo.
Nossos ossos armazenam quase todo o cálcio do organismo, apenas 1% do cálcio está livre circulando. Quando o corpo precisa de cálcio, retira dos ossos.
Uma boa explicação para entender como isso funciona foi dada pelo Dr. Luiz Henrique de Gregório, vice-presidente do Departamento de Metabolismo Ósseo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): "São milhares de unidades de remodelação óssea, enquanto uma célula destrói a outra reconstrói. É como um queijo. As células são ratinhos que comem pequenos pedaços. Em seguida, vem outro (ratinho construtor) e tapa esse mesmo buraco, formando um queijo novo. A osteoporose é o desequilíbrio desse processo, a remodelação não consegue acompanhar a velocidade da absorção, deixando o osso frágil. A destruição supera a reconstrução. Se uma quantidade suficiente de cálcio for armazenada ao longo da vida, essa perda será superada."
Alimentação
A melhor fonte de cálcio é o leite e seus derivados. A ingestão ideal varia de acordo com a faixa etária.
Valores recomendados pela Food and Nutrition Board (1997) para o consumo diário:
Idade Cálcio (mg)
3-8 800
9-17 1300
18-50 1000
51-70 1200
> 70 1200
1 copo de leite = 250mg de cálcio, 1 copo de iogurte = 300mg e 1 fatia de queijo = 300mg
Mas, ultimamente, a dieta dos jovens tem mudado bastante, trocando o leite e derivados por refrigerantes e sucos industrializados. Pesquisas feitas nos Estados Unidos mostram que só 35% dos adolescentes consomem o mínimo diário necessário de cálcio.
É fundamental corrigir os hábitos alimentares dos jovens e estimular a ingestão de laticínios, protegendo-os do risco de fraturas no futuro. E os adultos e idosos também deve atentar à quantidade ingerida, para evitar perdas nessa fase.
Exposição solar
O sol é uma das principais fontes de vitamina D do organismo e um dos itens importantes para a prevenção da osteoporose. Para que haja uma produção adequada de vitamina D, o ideal é uma exposição ao sol de 15 a 20 minutos ao dia, sem protetor solar. E o organismo não acumula os efeitos dos raios solares, a exposição deve ser diária.
Poucos alimentos também podem ser fonte de vitamina D, como peixes, mas a quantidade é muitíssimo pequena.
O maior problema na produção de vitamina D, atualmente, é o uso excessivo de filtros solares e a pouca exposição ao sol. A maioria dos jovens passa mais tempo em casa, atrás do computador ou televisão, e não ao ar livre, dando ao corpo a chance de produzir vitamina D.
A vitamina D é essencial para facilitar a absorção de cálcio no intestino, controlando o metabolismo ósseo, mas também é importante para manter a força muscular, diminuindo o risco de quedas.
Atividade Física
A atividade física também é essencial à formação da massa óssea. É como se, ao fazer uma atividade de impacto, ocorressem microfraturas no esqueleto, que estimulam o processo de remodelação óssea, levando à formação de ossos mais fortes. Alguns exercícios são melhores que outros, de acordo com o impacto. A natação não é o exercício mais indicado para a osteoporose, a água elimina o impacto que provoca os microtraumas. Mas ajuda de qualquer maneira, porque melhora a força muscular, a coordenação motora e o equilíbrio, diminuindo as quedas.
Se o indivíduo não faz atividade na infância ou adolescência também não formará um bom pico de massa óssea, porque não estimula essa atividade no organismo. Na fase adulta, as atividades físicas regulares funcionam como prevenção de perda. Quem é sedentário perde mais massa óssea.
Assim como o sol, os efeitos da prática da atividade física também não são cumulativos. Pesquisas comprovam que mesmo os atletas que param totalmente suas atividades não serão beneficiados em relação à prevenção da osteoporose.
Como tratar a osteoporose?
Após a menopausa, há uma diminuição importante na formação óssea, assim como nos idosos de ambos os sexos. Nesse período, podem ser usados vários medicamentos, como a terapia de reposição hormonal (desde que sem contra indicações) e os bisfosfonatos (por exemplo, o Alendronato de sódio), que ajudam a manter o cálcio nos ossos. Mesmo nessa fase, é essencial bom aporte de cálcio e vitamina D e atividade física regular. Pode ser necessário repor cálcio e vitamina D, se a ingestão não for a ideal.
Além do tratamento medicamentoso e dietético da osteoporose, é importantíssimo evitar as quedas. Exercícios para o equilíbrio, fortalecimento muscular, uso de apoios, como bengalas, e correção de déficit visuais diminuem o risco de cair.
Falta de corrimão em escadas e barras de apoio em banheiros, desníveis dentro da casa, pisos escorregadios e iluminação inadequada estão entre os principais erros em relação à segurança para o paciente com osteoporose. Até com os animais de estimação deve haver mais atenção. Eles podem cruzar o caminho e provocar quedas.
Veja algumas dicas para evitar as quedas dentro de casa:
1) Banheiro
- instalar barras de segurança no box e ao lado do vaso sanitário
- colocar piso antiderrapante, principalmente dentro do box
- deixar uma cadeira dentro do box, para ajudar no equilíbrio durante o banho
- posicionar torneiras em local de fácil alcance
- não trancar as portas, para facilitar o socorro no caso de acidentes
2) Quarto
- retirar tapetes soltos e móveis baixos
- interruptores devem estar próximos à porta
- manter telefones a um fácil acesso
- a cama e outros móveis devem ter uma altura que permita que a pessoa mantenha os pés no chão quando sentada
- utilizar lâmpadas que brilham no escuro em locais estratégicos do quarto e corredores
- manter itens de uso frequente longe de obstáculos
3) Cozinha
- colocar tapetes antiderrapantes perto da pia e fogão
- manter o chão sempre seco
- deixar utensílios e alimentos em locais de fácil alcance
- manter itens mais pesados em locais mais baixos
4) Corredores e escadas
- manter sempre bem iluminados
- as portas devem ser largas
- instalar luzes noturnas
- não encerar o piso
- tapetes e carpetes de fios baixos são mais seguros; fixá-los com fita adesiva própria
- instalar corrimão dos dois lados da escada
- evitar subir as escadas com pés descalços, para não escorregar
5) outros
- remover fios soltos, cordas, etc
- não deixar objetos amontoados ou soltos pela casa
- usar calçados firmes e com sola de borracha
- instalar sensores que acendam as luzes com o movimento
- se usar bengala, ter sempre a ponta de borracha
- ter uma lanterna com fácil acesso, para casos de queda de energia
A prevenção de quedas é o fator principal para evitar as fraturas.
Cirurgia bariátrica
A obesidade é uma epidemia mundial. No Brasil, de 2006 a 2009, a proporção de pessoas acima do peso subiu de 42,7% para 46,6% e o percentual de obesos cresceu de 11,4% para 13,9%. Mesmo em crianças os números assustam – um estudo recente em Franca (SP) revelou que 15% das crianças de 7 a 10 anos já estão acima do peso.
E o tratamento da obesidade não é fácil. A reeducação alimentar e a prática de atividade física exigem esforço contínuo, muitas vezes com resultados desanimadores. Muitos pacientes precisam de medicamentos para conseguir manter um peso saudável, mas, para uma boa parte dos obesos, as tentativas são sempre fracassadas...
Nesses casos, a cirurgia bariátrica (“cirurgia de redução do estômago”) é a melhor opção??
Em pacientes com IMC (índice de massa corpórea = peso/ altura ao quadrado) maior ou igual a 40kg/m2, os inúmeros tratamentos e a oscilação de peso, além do potencial genético, agravam o quadro clínico. A morbidade associada à obesidade grau III (hipertensão arterial, doenças articulares, alteração do colesterol, diabetes, disfunções respiratórias, etc.), gerou o termo “obesidade mórbida”, que deve ser abandonado. Sem qualidade de vida e com extrema instabilidade emocional, surge a busca por um tratamento mais eficiente, a cirurgia.
Existem várias técnicas para essa cirurgia, mas a mais comum é a de Capella. Essa cirurgia restringe um pedaço do estômago e muda a ligação com o intestino. Além da restrição por diminuição do volume do estômago, ocorre uma pequena alteração da absorção dos alimentos, porque eles deixam de passar pela primeira parte do intestino delgado.
Essa é uma cirurgia de grande porte, que deve ser muito bem indicada e acompanhada posteriormente. É indicada para pacientes com o IMC maior que 40kg/m2 ou maior que 35kg/m2 com complicações como diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, doenças articulares, etc. Os pacientes têm que já ter tentado tratamento com mudanças de estilo de vida e medicamentos, a cirurgia nunca é a primeira opção. E há algumas contra-indicações, como cirrose hepática, doenças renais, psiquiátricas, vícios (drogas, alcoolismo), etc
Todos os pacientes devem fazer uma avaliação pré-operatória com psicólogo e nutricionista, e o ideal seria que mantivessem o acompanhamento mesmo após a cirurgia, para evitar recaídas.
A perda de peso é rápida, logo que o paciente sai do hospital. A alimentação deve ser bem restritiva no início, pois o estômago restante é extremamente pequeno (~20ml!). E o importante é reaprender a comer, para manter sempre uma alimentação saudável. Mesmo pacientes com estômago tão pequeno podem aprender a comer coisas extremamente calóricas, como leite condensado e milk-shake, e uma boa parte dos pacientes volta a ganhar peso... Já existem pacientes fazendo a cirurgia pela segunda vez!
O maior problema da cirurgia, a longo prazo, é a desnutrição. A absorção de nutrientes fica muito prejudicada, portanto os pacientes devem fazer sempre reposição de vitaminas, como ferro, vitamina D, cálcio, vitamina B12 e outras se necessário.
Portanto, para qualquer tipo de tratamento para a obesidade, as mudanças de estilo de vida são essenciais. Não é possível se manter magro e saudável sem aprender a se alimentar e fazer atividade física regular, mesmo se seu estômago for muito pequeno. O apoio profissional é sempre importante, mas o sucesso depende, principalmente, da participação efetiva do paciente.
Para ler mais sobre obesidade, clique aqui.
Para saber mais sobre a cirurgia bariátrica, entre em www.endocrino.org.br/cirurgia-bariatrica-mitos-e-verdades
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