Obesidade na gestação

A obesidade é uma epidemia mundial e sua prevalência tem aumentado em todas as parcelas da população. Entre as mulheres em idade fértil (20 a 39 anos), 29% têm o índice de massa corpórea (IMC) acima de 30kg/m2.

A gestação está na lista dos fatores clássicos desencadeantes da obesidade, mas o início ou manutenção da obesidade nessa fase tem muitos riscos para a mãe e para o bebê.

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Numa gestação normal, o ganho de peso ocorre devido a aumento de tecidos maternos e dos produtos da concepção, como descrito abaixo:

- Produtos da concepção

  • Feto 2,7 Kg a 3,6 Kg
  • Líquido aminiótico 0,9 Kg a 1,4 Kg
  • Placenta 0,9 kg a 1,4 kg.

 - Aumento dos tecidos maternos

  • Expansão do volume sanguíneo 1,6 kg a 1,8 kg.
  • Expansão do líquido extracelular 0,9 kg a 1,4 kg.
  • Crescimento do útero 1,4 kg a 1,8 kg.
  • Aumento do volume de mamas 0,7 kg a 0,9 kg.
  • Aumento dos depósitos maternos – tecido adiposo 3,6 kg a 4,5 kg.


De acordo com o peso pré-gestacional, é recomendado que a gestante ganhe peso como descrito a seguir:

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Mulheres que ganham peso dentro dos limites propostos têm menor chance de ter filhos muito pequenos ou muito grandes para idade gestacional. No entanto, cerca de 2/3 das mulheres ganham mais peso que o recomendado. Isso leva a complicações durante a gestação, além de contribuir para a retenção de peso pós-parto e, assim, para o desenvolvimento da obesidade e suas complicações ao longo da vida.

 

Impactos da Obesidade na Gestação

A incidência de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) em gestantes obesas é quatro vezes maior que na população geral. O DMG está relacionado tanto ao excesso de peso da mulher ao engravidar, quanto ao ganho excessivo de peso na gestação, e aumenta o risco de aborto e complicações no parto. É necessário um controle rigoroso da alimentação da gestante e, muitas vezes, é preciso usar insulina para o controle adequado da glicemia. 

Em geral, os bebês de mães com DMG são muito grandes (macrossomia fetal), o que leva às complicações durante a gestação e parto. Além disso, o DMG aumenta a chance de a mãe e o bebê se tornarem diabéticos ao longo da vida.

Gestantes obesas também estão expostas a maior risco de hipertensão, trabalho de parto prematuro e infecções do trato urinário durante e gestação. A pré-eclâmpsia, complicação da hipertensão na gestação, que resulta em partos prematuros, é duas vezes mais comum em mulheres com sobrepeso (IMC >26) previamente à gestação e três vezes mais comum em mulheres obesas (IMC >30).


Impactos da Obesidade da mãe para o Recém-Nascido

A macrossomia fetal é a complicação mais frequente em filhos de gestantes obesas, o que pode levar a aborto e complicações no parto, como mencionado anteriormente.

Além disso, mães obesas podem ter mais dificuldade para amamentar os seus filhos. Em geral, há atraso no início da lactogênese (descida do leite), associado a trabalhos de parto prolongados, parto cesariana ou pelo DMG. Pode haver dificuldade na manutenção da amamentação, sendo um dos motivos as mamas volumosas.

A longo prazo, os filhos de mães obesas podem se tornar indivíduos obesos. Durante a gestação, o aumento dos níveis circulantes de insulina, principalmente se houver DMG, levam a aumento no número e volume dos adipócitos do feto, ou seja, a criança já nasce com tecido adiposo maior e mais capaz de armazenar gordura. O ambiente intra-útero rico em açúcar e gorduras modula as vias cerebrais da alimentação e podem predispor a criança a uma preferência por alimentos ricos em gordura.

Portanto, é muito importante que a mulher tenha uma alimentação adequada não só durante a gestação, mas antes de planejar engravidar também!

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