Diabetes mellitus

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O que é o diabetes mellitus?

O diabetes mellitus (DM) é um grupo de doenças metabólicas caracterizado por uma secreção deficiente de insulina e/ou uma resistência à ação da insulina. Como conseqüência, há hiperglicemia (excesso de glicose no sangue), que causa inúmeros danos ao organismo, principalmente olhos, rins, coração e nervos.

O DM é um importante problema de saúde pública, em todo o mundo. Estima-se que existiam 239 milhões de diabéticos em 2010, e esse número vem crescendo progressivamente, em função do envelhecimento populacional e, sobretudo, da obesidade e sedentarismo. O aumento é observado, principalmente, em adultos e idosos, mas também vem ocorrendo entre crianças e adolescentes.

Essa doença representa uma enorme carga para os sistemas de saúde, por levar a maiores índices de hospitalização, maior necessidade de cuidados médicos, maior incidência de doenças cardiovasculares (infarto, derrame), cegueira, insuficiência renal e amputações.

 

Quais são os tipos de diabetes?

O DM pode ser classificado em:

1.     DM tipo 1 (DM1) – o pâncreas passa a não produzir insulina, essencial para o metabolismo adequado da glicose (para saber mais sobre a insulina, clique aqui)

O diagnóstico é mais comum em crianças, mas pode aparecer em adultos jovens. Em geral, o diagnóstico é feito após um quadro rápido e grave de emagrecimento, sede excessiva, urina excessiva e mal estar.

Esse tipo de diabetes é sempre tratado com injeções de insulina, desde o início.

Não é comum a associação com outros casos de diabetes na família.

 

2.     DM tipo 2 (DM2) – o organismo ainda produz insulina, mas o paciente apresenta resistência à sua ação, geralmente devido à obesidade. Ou seja, o organismo produz insulina, mas não o suficiente para o “tamanho” do corpo.

É mais comum em adultos e idosos, mas tem sido cada vez mais freqüente em crianças e adolescentes obesos.

Em geral, o diagnóstico é feito ao acaso, em exames de rotina, e o paciente permanece sem sintomas até que as complicações apareçam. Quando o diagnóstico é feito, geralmente os pacientes já apresentam a doença há 5 anos ou mais.

O tratamento é feito com medicamentos via oral ou outros injetáveis que não insulina, mas, se não for bem tratado, vai necessitar de insulina após alguns anos.

O DM2 tem importante história familiar. Há alto risco de desenvolver diabetes nos filhos de diabéticos tipo 2.

 

3.     Diabetes mellitus gestacional (DMG) – DM diagnosticado durante a gestação. O DMG pode trazer complicações para a mãe e o feto, com maior risco de aborto e complicações no parto, principalmente pelo tamanho exagerado dos bebês, e maior chance de o bebê apresentar hipoglicemia após no nascimento.

Pode ser tratado apenas com dieta e atividade física, mas, se for necessário o uso de medicações, o mais indicado é o uso de insulina.

Não aumenta o risco de malformações fetais como no caso de mulheres previamente diabéticas que engravidam. Mas aumenta muito a chance de a mulher se tornar diabética ao longo da vida.

 

4.     Outros tipos mais raros

LADA (Latent autoimmune diabetes of adults) – tem a mesma causa do DM1, mas aparece em adultos jovens, magros, com muitos parentes afetados.  Pode ser tratado com medicações via oral no início, mas evolui para o não funcionamento total do pâncreas em 6 a 12 meses, sendo necessário o uso de insulina.

Diabetes monogênico – MODY (maturity onset diabetes of the young) – tem vários subtipos, com diferentes graus de hiperglicemia e complicações associadas. É um tipo muito específico de diabetes, com forte relação genética. Há poucas famílias descritas com essa doença em todo o mundo.

 

5.     DM secundário – causado pelo  uso de algum medicamento que aumente a glicemia ou que cause resistência à ação da insulina, como os corticóides, medicamentos para pacientes com transplantes de órgãos, alguns anticoncepcionais, anti-hipertensivos, medicamentos psiquiátricos, etc.

 

O que é pré-diabetes?

Os pacientes com DM2 podem apresentar graves complicações em pequenas e grandes veias e artérias do organismo, levando a cegueira, insuficiência renal com necessidade de diálise, amputações de dedos, pés ou pernas, infarto, derrame, além de outras complicações.

Para que esses problemas possam ser evitados, passou-se a tentar identificar indivíduos de maior risco de desenvolver diabetes, os chamados pré-diabéticos.

As alterações na glicemia (glicose circulante na corrente sanguínea) podem ser vistas anos antes do diagnóstico do DM2. Os valores normais de glicemia de jejum são até 99mg/dl e o DM2 é diagnosticado com valores iguais ou maiores que 126mg/dl. Entre 100 e 125mg/dl, o paciente apresenta uma fase do pré-diabetes, denominada glicemia de jejum alterada (GJA).

Além da GJA, o paciente pode apresentar, também, a glicemia elevada após as refeições. A insulina é o hormônio responsável pela entrada da glicose nas células quando comemos. Se há resistência à ação da insulina, a glicose fica no sangue por mais tempo do que deveria, mantendo a glicemia elevada após a refeição. Um indivíduo sem diabetes tem valores de glicemia 2 horas após a refeição menores que 140mg/dl. No diabetes, os valores são de 200mg/dl ou mais. Se a glicemia está entre 140 e 199mg/dl, temos outra fase do pré-diabetes, chamada de intolerância à glicose (IG).

Esse diagnóstico é feito por um exame chamado TTOG (ou GT T, em inglês) – teste de tolerância oral à glicose. O paciente tem sua glicemia dosada em jejum, ingere um líquido com 75g de glicose e tem sua glicemia reavaliada após 2 horas.

Indivíduos com GJA e IG têm o dobro de chance de desenvolver diabetes se comparados a indivíduos com apenas uma alteração.

 

Quais são os sintomas do diabetes?

O tipo de DM que mais comumente apresenta sintomas é o tipo 1 (DM1). Em geral, o diabetes tipo 2 (DM2) e o diabetes gestacional são diagnosticados em exames de rotina, em pacientes assintomáticos. Mas, em quadros graves, apresentam os mesmos sintomas do DM1. O LADA se apresenta da mesma maneira que o DM1.

Os sintomas mais comuns são:

- emagrecimento rápido, mesmo com fome excessiva

- sede excessiva

- urina excessiva

- infecções freqüentes

- tontura

Geralmente, esses sintomas se iniciam após algum quadro de infecção, como pneumonia, infecção de urina, etc.

Em pacientes com DM2, se os níveis da glicose subirem rapidamente, por uma infecção, situação de estresse ou por comer algum alimento não indicado, pode haver tontura, mal estar, vômitos.

 

Como evitar o surgimento do diabetes?

Para evitar o diabetes, é importante conhecermos os fatores que aumentam o risco dessa doença.

Mas, devemos lembrar que apenas o DM2 pode ser evitado. O DM1, LADA e MODY têm pouca influência dos fatores ambientais no seu surgimento. São doenças determinadas geneticamente, há pouco o que se fazer para que elas não apareçam.

O DM2 também é determinado geneticamente, mas é uma doença chamada multifatorial. Além de ser determinada por muitos genes diferentes, precisa de influências ambientais para se desenvolver. Ou seja, você pode fazer parte de uma família de diabéticos, mas se mantiver cuidados adequados, pode não ser um deles!

Os fatores de risco principais para o DM2 são:

·        sobrepeso/ obesidade

·       sedentarismo

·       dieta inadequada (excesso de carboidratos, gorduras, refrigerantes, falta de cereais integrais, frutas, verduras)

·       tabagismo

·       etnia não-branca

·       antecedente de síndrome dos ovários policísticos (SOP)

·       antecedente de hipertensão arterial (HAS) e/ ou dislipidemia (alteração do colesterol)

·       ter tido um bebê muito grande para a idade gestacional (em geral, maior que 4kg)

·       alteração da glicemia de jejum ou após 2h em exames anteriores

·       ser filho ou irmão de alguém com DM2

A obesidade é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do DM2. Além de diminuir a sensibilidade das células à insulina, diminui a percepção do pâncreas do nível de glicemia e ele produz menos insulina.

A associação do excesso de peso (ou circunferência abdominal aumentada) com alteração do colesterol, glicemia e pressão arterial caracteriza a síndrome metabólica. Dos pacientes que desenvolvem diabetes, metade apresenta a síndrome metabólica.

A genética é um fator muito importante. O risco de um parente de primeiro grau de diabético desenvolver DM2 é 5-10 vezes maior do que em indivíduos sem história familiar.

A prevenção ou, pelo menos, o atraso no surgimento do diabetes dependem de mudanças do estilo de vida. Perder peso (5 a 10% do peso original) ou mantê-lo normal e fazer atividade física regular têm mais benefícios na prevenção da doença do que o uso de medicamentos. E os efeitos benéficos dessas intervenções persistem por anos, se mantidas.

Além de diminuir o risco do DM2, as melhoras no estilo de vida também têm efeitos favoráveis na pressão arterial e nos níveis de colesterol, com melhora da qualidade de vida.

 

 Qual o tratamento para o diabetes?

O tratamento do diabetes (DM) depende de três pontos: dieta adequada, atividade física e medicamentos. Um paciente diabético que não cuida da alimentação não está fazendo seu tratamento corretamente e tem alto risco de desenvolver graves complicações.

O DM é uma doença progressiva, ou seja, a alteração do funcionamento da insulina piora progressivamente. E depende do paciente determinar se essa piora vai ser lenta ou rápida. Quanto mais rápida a piora, mais cedo aparecem as complicações. O paciente que faz o tratamento adequadamente pode não ter nenhuma complicação durante toda a sua vida.

1.     Alimentação

A alimentação correta do paciente com DM deveria ser seguida por todas as pessoas que querem cuidar de sua saúde. As principais orientações são:

Comer pouco em cada refeição, em intervalos de 3 horas

Comer alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais. As fibras ajudam a lentificar a absorção dos nutrientes do intestino para a corrente sanguínea, melhorando o efeito da insulina. Além disso, ajudam no funcionamento do trânsito intestinal.

Não misturar diferentes tipos de carboidratos na mesma refeição (pão, arroz, macarrão, batata, etc)

Evitar comidas gordurosas, frituras, molhos cremosos. O óleo deve ser usado na menor quantidade possível. Para cada três pessoas em uma família, deve ser usada, no máximo, uma lata de óleo ao mês.

As frutas também têm seu açúcar. O ideal é comer três frutas ao longo do dia. Preferir a fruta ao suco, mesmo que natural.

Evitar doces e açúcar.

Mastigar devagar.

 

2.     Atividade física

Assim como todas as outras pessoas, os pacientes diabéticos devem fazer atividade física regular. O ideal é fazer, pelo menos, 30 minutos de atividade ao dia, pelo menos, três vezes por semana.

Para melhora do diabetes, colesterol, pressão alta, várias pequenas caminhadas ao dia de 5 ou 10 minutos são eficazes. Mas, para perder peso, o esforço deve ser mantido por, pelo menos, 30 minutos contínuos.

 

3.     Medicamentos

Existem muitos tipos de medicamentos para o tratamento do diabetes, com diferentes ações. Eles podem aumentar a produção de insulina, diminuir a resistência à ação da insulina em tecidos como fígado ou tecido adiposo, estimular a produção de hormônios que melhoram a ação da insulina, além da própria insulina injetável.

No início, geralmente é possível manter um controle adequado com um medicamento apenas. Mas, com a evolução da doença, é comum o uso de vários medicamentos de classes diferentes.

O tratamento sempre deve ser individualizado para cada paciente, orientado por um endocrinologista.

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