Obesidade
A obesidade é uma grande preocupação no Brasil e no mundo, devido ao aumento crescente de pessoas com excesso de peso. Ela traz um grande impacto à saúde pública, por ser um importante fator de risco para outras doenças que comprometem a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo, atualmente, 1,6 bilhões de pessoas com mais de 15 anos acima do peso, sendo 400 milhões de obesos. A estimativa para 2015 é que haja 2,3 bilhões de indivíduos com excesso de peso, sendo 700 milhões de obesos. Segundo evidências, a obesidade ultrapassará o tabagismo como maior causa de morte evitável no mundo.
No Brasil, dados de 2008 mostram que 50% dos homens estão acima do peso, sendo 12,4% obesos e, entre as mulheres, 48% têm excesso de peso, com 16,9% obesas. Avaliando crianças e adolescentes, há excesso de peso em 33,5% das crianças de 5 a 9 anos e 21,5% de 10 a 19 anos.
O perigo da obesidade é o risco do paciente desenvolver hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (alteração do colesterol), doenças articulares, diferentes tipos de câncer, entre muitas outras complicações.
Os fatores genéticos e as mudanças de estilo de vida no mundo moderno, com piora do comportamento alimentar, sedentarismo, urbanização, condições de trabalho, são os fatores responsáveis por fazer da obesidade uma epidemia mundial.
Como é definida a obesidade?
A obesidade é definia pelo índice de massa corpórea do indivíduo (IMC), que é calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado - IMC = peso/(altura x altura) expresso em kg/m2
Classificação de acordo com o IMC
- 18-24,9 normal
- 25-29,9 sobrepeso
- 30 ou > obesidade
- 30-34,9 obesidade GI
- 35-39,9 obesidade GII
- 40 ou > obesidade GIII
O IMC é de uso prático, simples, com bom valor para diagnóstico e prognóstico. Mas pode ter valores superestimados em indivíduos com muita massa muscular, por exemplo. O mais indicado é associar o IMC à medida da circunferência abdominal, que não deve passar de 80-88 cm em mulheres e 94-102 cm em homens, segundo critérios para definição da síndrome metabólica (ver aqui).
O que causa a obesidade?
A obesidade é um desequilíbrio entre a entrada de energia e o gasto calórico. Em pessoas geneticamente mais susceptíveis, o organismo é mais preparado para se defender de situações de privação de calorias, acumulando mais energia quando há uma ingestão calórica aumentada.
Ou seja, há pessoas que têm herança genética para obesidade. Mas o ganho de peso ocorre quando a ingestão de calorias é maior do que o corpo necessita, acumulando-se no tecido adiposo.
As mudanças sociocomportamentais da população estão associadas ao aumento da ingestão alimentar, com diminuição do número de refeições realizadas em casa, mais refeições em fast food e aumento do tamanho das porções. Além disso, a necessidade de realizar refeições em curto espaço de tempo atrapalha os mecanismos de sensação de saciedade.
A privação do sono e de atividades de lazer também pode resultar em alterações comportamentais relacionadas ao hábito alimentar, em que a sensação de prazer e recompensa com o alimento se sobrepõe ao sistema que regula a necessidade de energia do organismo.
Quais são as doenças causadas pela obesidade?
A obesidade está relacionada ao desenvolvimento de muitas doenças:
- Diabetes mellitus tipo 2 (leia mais aqui)
- Doenças cardiovasculares:
- Hipertensão arterial
- Doença arterial coronariana (angina, infarto)
- Insuficiência cardíaca
- Embolia pulmonar
- Acidente vascular cerebral (derrame)
- Cânceres:
- Mama
- Intestino e reto
- Endométrio
- Esôfago
- Rins
- Ovários
- Pâncreas
- Próstata
- Asma
- Apneia do sono (leia mais aqui)
- Cálculo biliar (“pedra na vesícula”)
- Artrose de coluna, quadril, joelho, tornozelo e pé
- Lombalgia crônica
- Doença hepática gordurosa não alcoólica (“gordura no fígado”)
- Etc
A obesidade é associada, também, a manifestações psicológicas e mudanças comportamentais e sociais, levando a baixa autoestima, transtorno compulsivo alimentar, depressão e ansiedade.
Qual é o tratamento para obesidade?
O tratamento para a obesidade é a perda de peso. Considera-se uma perda eficaz de peso quando o indivíduo perde 5% do peso corporal.
Recomenda-se, sempre, mudanças de estilo de vida para que haja a perda de peso. O paciente sempre deve melhorar a alimentação e fazer atividade física, para que haja um balanço energético negativo. A diminuição de 500 calorias no consumo diário pode levar à perda de 500g por semana, equivalente ao esforço de uma caminhada de uma hora por dia. A perda de 500g a 1kg por semana é considerado um bom resultado.
A mudança na alimentação deve ser sempre acompanhada por endocrinologistas e/ou nutricionistas e nunca baseada em dietas da moda. Existem inúmeras tipos de dieta: dietas de baixas calorias, dietas de muito baixas calorias, dietas hiperproteicas, dietas com restrição de algum macronutriente, etc.
Os estudos a respeito de dietas alimentares mostram que, em geral, qualquer tipo de dieta resulta na mesma perda de peso ao longo de 12 meses. As dietas com muito baixas calorias têm a perda mais rápida de peso incialmente, ao redor de 1,5 a 2kg por semana, mas têm um índice de reganho muito maior se não forem adequadamente acompanhadas por um especialista.
O fator mais determinante do resultado da dieta, segundo os estudos, é a frequência com que o paciente é acompanhado pelo médico ou nutricionista.
Se essas medidas não são suficientes, há necessidade de uso de medicações e, na falha dessas, o tratamento cirúrgico pode ser indicado (leia aqui).
Além disso, deve ser feito o tratamento de todas as comorbidades que o paciente apresente.